domingo, 1 de abril de 2012

Obediência


“Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que esteja convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece. Mas o conheceis, pois habita convosco, e estará em vós”. S.João 14:15-17

 E ao chegar de manhã para trocar de turno com minha esposa ainda sem saber do ocorrido passei na lanchonete do hospital para tomar o café da manhã e me deparei com uma situação onde se encontrava a mãe daquela garotinha, sendo consolada por parentes e amigos, que diziam a ela: (olha, não fique triste, pois o Senhor sabe o que faz, e se Ele preferiu assim é porque queria que a sua criança fosse estar com Ele agora). Então eu logo deduzi que o pior havia acontecido. E aquela mãe respondeu dizendo: (Eu sei disso! E agora estou com o meu coração mais tranqüilo. Sabe? É porque eu conheço uma pessoa, que é muito amiga do Padre Marcelo Rossi. E ele soube o que estava acontecendo com a minha filha e pessoalmente rezou muito por ela. E agora eu acredito que mesmo Deus não salvando a minha filha, ela esta em paz com Ele agora!).E baseado na promessa que o próprio Senhor Jesus nos revela no capítulo 14 de S.João, eu já havia experimentado outras situações sobrenaturais com Deus, mas dessa vez era muito diferente, pois a adversidade agora era comigo. Nesse momento percebi que era um privilegiado por ter escolhido dar a minha vida a Jesus, que morreu por mim e por você levando todos os nossos pecados, todas nossas dores e enfermidades e ressuscitou ao terceiro dia para nos dar a vida eterna, nos fez também uma promessa que voltaria um dia para nos buscar e que antes disso não nos deixaria órfão e nos enviaria o Consolador. E por isso eu sabia que Ele (o Senhor Jesus) é um Salvador individual, onde Ele mesmo deseja ter um relacionamento intimo conosco.

“Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo”. Apocalipse 3.20

A porta há qual o Senhor bate e quer entrar, é o nosso coração, pois o que o Senhor Jesus quer fazer conosco, é habitar dentro de nós mesmos. Por isso, não quero que ninguém se ofenda ou se escandalize com o que eu vou contar nessa minha experiência com Deus, não foi eu quem falou essas coisas, mas sim o próprio Espírito Santo do Senhor, que naquele momento de angustia começou a falar ao meu coração de uma forma sobrenatural trazendo a sua voz aos meus ouvidos dizendo: (está ouvindo Sandro, está vendo essa situação, aquela mãe chora o luto da sua criança... Mas ela não me conhece! Só me conhece de ouvir falar... Mas você Sandro! Você me conhece... Me conhece, de comigo andar! O que Eu quero é mudar a vida dela... Mas, por terem endurecido os seus corações não podem me ouvir. Clamam a mim como se eu fosse um Deus distante. E você sabe que eu sou um Deus presente e real! Porque Eu sou o seu Deus e você tem sido o meu filho, e fique sabendo, que o Rafael a mim pertence! Agora você entende por que é necessário que se pregue a minha palavra a toda criatura? Pois quem crer será salvo e quem não crer já esta condenado). Nesse exato momento comecei a chorar e pedir perdão a Deus, porque eu me sentia culpado por esta passando por tudo aquilo, mas o que o Senhor queria me mostrar é que Ele estava no controle, e a vida do meu filho não dependia de mim como a daquela garotinha também não dependia de sua mãe. Foi aí que eu entendi que não poderia para de fazer obra de Deus, muito menos para de louvar a Ele. O que estava acontecendo com o meu filho não poderia abater a minha fé Nele. Então eu compreendi que Deus realmente tinha um trabalhar na minha vida e na do meu filho, eu só não sabia o que era e nem a finalidade disso tudo, mas não importava o que ocorreria daqui para frente, porque o Senhor queria um posicionamento meu ao seu respeito, posicionamento esse que me levou a tomar uma decisão, mas antes de dizer qual foi gostaria de explicar que não estou aqui dizendo que a pessoa do Padre Marcelo Rossi não pode orar por alguém e Deus operar. Aquela mãe poderia falar que era o meu Pastor, por exemplo, que se chama Pr. José Elias, que nessa altura também orava muito a Deus por um livramento a respeito do meu filho, como centenas de outras pessoas pelo mundo que eu também vou contar mais pra frente. O que Deus queria me mostrar, era que Ele quer que a nossa fé fosse tamanha, ao ponto, de perceber que não precisamos se direcionar a Ele na terceira pessoa, pois ele é um Deus pessoal e também quer é habitar dentro de nós, e se relacionar conosco, e que aquela mãe infelizmente não o conhecia verdadeiramente, porque se o conhecesse, também saberia que se pode andar com o Senhor, logo pode falar com Ele.

“Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido, agravado, para não poder ouvir”. Isaías 59.1

Então, depois de ter ouvido a voz do Senhor, tomei uma decisão... Quando eu subi ao quarto de UTI para trocar de turno com a minha esposa disse a ela tudo o que me ocorreu comigo lá embaixo, e disse a ela que Deus queria de nós um posicionamento. Daí, nós fizemos um voto com Deus dizendo que não importava o desfecho dessa situação, e que acreditaríamos que Deus era capaz de salvar e curar o a vida de nosso filho, mas que isso não dependia, e aconteça o que acontecer, nós iríamos enxugar as nossas lágrimas e Louvar ao Senhor em qualquer situação. E foi aí que mesmo com toda as adversidades que havíamos de enfrentar continuamos a servir a Deus mesmo naquele Hospital o indo a Igreja, em todos os cultos possíveis, principalmente nos cultos de orações que eram as terças-feiras. Sempre revezando com minha esposa, continuávamos indo a igreja e pedindo a todos que não parassem de pedir a Deus por um milagre. Mas às vezes era tão difícil de sustentar a nossa Fé, porque a cada dia que se passava o Rafael não respondia a nenhum tratamento e sabíamos que nessa altura quanto mais passava o tempo a chances dele melhorar diminuíam, pois tudo caminhava pra algo ainda mais difícil. Mesmo assim, nos posicionávamos a dizer que estávamos bem! E embora a situação sempre foi de incerteza, nunca deixamos de confessar a nossa Fé em Deus, e que Ele era capaz de reverter essa situação, a qualquer momento.

Depois de três dias na UTI o Rafael recebeu novamente uma certa quantidade de ALBUMINA e desceu para o quarto, além de ter feito três pulso-terapia, só que dessa vez sem espaçar um dia, ele ficou mais uns três dias no quarto e voltou para casa, ainda com PROTEINÚRIA, e nada de negativar, já que ele continuava não respondendo ao tratamento. O fato de o Rafael voltar para casa mesmo não estando negativo, era porque a chances dele pegar uma infecção no hospital eram grandes, pois um nefrótico sempre terá uma imunidade muito baixa. Passaram-se novamente mais uns cinco dias em casa e voltamos a interná-lo pela terceira vez consecutiva, porém dessa vez a Dra. Malú já estava nos preparando para o pior onde nos revelou as subdivisões da SÍNDROME NEFRÓTICA (DLM, que nessa altura já estava descartada, então ele não fazia mais parte daqueles 90 % e sim de outros 10 % onde 7 % estão entre GNM e GNMP e somente 3 % GESF, e ela então me disse haver duas possibilidades de tratamentos por imunossupressores, Ciclosfosfamida (CFF) ou Ciclosporina (CsA). A CFF fazia muito mal aos pacientes de uso prolongado por causa de seus efeitos colaterais, e reagia parecido com uma quimioterapia, fazendo cair os cabelos. A CsA tinha quase os mesmo efeitos colaterais, mas ao contrario, fazia crescer os pelo do corpo. E antes mesmo de saber o resultado comecei a estuda sobre essas duas drogas e descobri também que havia um estudo sobre anti-hipertensivos que ajudava na diminuição da PROTEINÚRIA e mudamos essas medicações para LOSARTAN associada a AMLODIPINA, após a biópsia eu já estava tão preparado que quando a Dr. Maria Cristina foi nos falar o resultado, assim como ele eu já sabia que era GESF, pois quando perguntei a ela, me respondeu: (É pai, é isso mesmo! A biópsia revelou ser GESF), e quando ela começou a falar de dois possíveis tratamentos, eu também já tinha uma opinião formada a respeito de qual droga seria mais apropriada, a melhor escolha para o meu filho parecia ser a CsA, e nisso concordamos, e quando contei a Dr. Malú qual foi o resultado e que a Dra. Maria Cristina tinha começado a utilizar a CsA, ela me disse que antes achava que era melhor a CFF, mas de umas duas semanas pra cá também havia pensado que se o resultado da biopsia fosse GESF o melhor tratamento  para o Rafael também seria com a CsA associado a todas as drogas necessárias para controlar a Síndrome e também a continuação de córticoides, pois mesmo ele sendo resistente a esse tratamento, agora com a CsA poderia haver uma diminuição na PROTEINÚRIA, aumentando a chances de negativar.

Mesmo sabendo agora que o resultado da biópsia nos revelou estar diante da pior situação esperada dessa Síndrome, sabíamos também que até aqui nos ajudou o Senhor e que quanto mais difícil se apresentava há maior situação poderia ser o agir de Deus em nossas vidas e por isso tínhamos uma nova esperança, ainda no hospital o Rafael tomou as duas primeiras doses de Ciclosporina onde o hospital conseguiu achar essa droga na única farmácia no Brasil que tinha disponível dois frascos, onde eu comprei um e o hospital o outro sendo que esse do hospital ficou lá para ser aplicado nas futuras internações e o outro eu levei para continuar o tratamento em casa. Depois disso fiz um cadastro no INSS com o CPF do Rafael, e lhe deu o direito de adquirir essa droga através do Governo Federal, onde tive toda instrução através do 0800 do Ministério da Saúde em Brasília, pois esse medicamento é principalmente usado em transplantados de RIM, e por esse motivo é controlado pelo Governo Federal embora a distribuição pode ser feita pelo Governo Estadual ou Municipal. Descobri que essa droga além de ser muito cara, dava somente para um mês, porque depois de aberta tinha uma validade para consumir, ela era fabricada pela Bayer na Alemanha porem ao final de um ano, o Governo Federal conseguiu quebrar a patente, e começou a produzir através de um laboratório aqui no Brasil como genérico e reduziu o custo do medicamento a 10 vezes o valor do original. Hoje em dia eu não sei se continua sendo controlado pelo Governo Federal.

O uso continuo da ciclosporina, isso não impediu que o Rafael continuasse voltando diversas vezes ao hospital e tomando um monte de ALBUMINA para poder voltar para casa, até porque agora pelo fato de estar imunossupremido ele estava cada vez mais com a resistência baixa, e só para entender no caso do Rafael a Síndrome não foi causada por qualquer outro fator externo, que é muito comum, mas sim pelo seu próprio organismo. Sendo assim, a tentativa que tínhamos de negativar era imunossupremindo o seu próprio organismo que não parava de bombardear o seu próprio RIM, que associado a um monte de ALBUMINA que continuava tomando toda vez que internava e, a essa altura, o seu RIM era como se fosse uma rede de peneira toda arrebentada, onde mesmo negativando um dia, seria impossível parar de perder todas proteínas, e também as chances em recidivas freqüentes eram grandes nesses casos, pois algumas proteínas sempre iriam passar e dificilmente a sua ALBUMINA conseguiria subir a um nível considerado normal. Mesmo eu insistindo em continuar com esperanças, a medicina me dizia que na melhor das hipóteses o meu filho ficaria dependente dessas drogas, e associado a todos efeitos colaterais que eram muitos, fatalmente sofreria um dano talvez ainda maior do que desenvolver uma Insuficiência Renal Crônica. E a cada dia que passava os resultados dos exames e o seu quadro clínico mostravam que ele caminhava para Insuficiência Renal e eu cheguei até em procurar por esses equipamentos portáteis de fazer diálise em casa, pois transplante para ele estava fora de cogitação, já que o seu próprio organismo era quem combatia o próprio RIM, então se pudéssemos trocar o seu RIM por de uma outra pessoal seria ainda pior.

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